A noite sempre me trás lembranças, saudades. É como se os sentimentos esquecidos durante o dia viessem todos átona, como se eles se manifestassem mais intensamente após o crepúsculo.
É a noite que me sinto mais a vontade para escrever, me torno mais sensível aos problemas d’alma, do coração; até o meu corpo parece sentir mais as dores físicas, que parecem se intensificar quando a noite chega.
Numa noite escura e solitária se escondem mistérios que sempre passam despercebidos, a não ser é claro pelos poetas, que se sentam e ficam a vagar pelos encantamentos de uma noite vazia e sem luar. E que mistério teria uma noite vazia? Só quem ama entenderia, porque é quando o sol se despede que os corações apaixonados buscam incessantemente o amor e se tornam tão leves ao ponto de voarem até suas almas gêmeas com um piscar de olhos; é em uma noite vazia que a dor de amor vira poesia, é quando as flores choram e seus resmungos viram melodia.
Não me julgo poeta, me julgo amante da noite. Amante da solidão encontrada nela, que me permite encontrar a minha paz, que faz com que meus sentimentos se aflorem, que faz eu me tornar alguém diferente do que sou ao longo do dia, e é esse alguém é que recebe a honra de se intitular poeta, poeta das noites vazias.
Poeta que escreve através da noite aquilo que sente, que fantasia, porém não mente, sua vida noturna acaba por se tornar utopia. E lá se vai a noite, triste o poeta fica, porém seja bem-vindo o dia!
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A Paz de Jah
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