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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Início.

Nem sei há quanto tempo estamos na estrada, só sei que a tal da Lagoa do Paraíso tem ficado cada vez mais para trás e isso soa meio irônico. Tá tocando nossa banda favorita no som do carro, o solo da guitarra faz meus pensamentos viajarem tão rápido quanto a paisagem que pela janela vai ficando para trás. É fim de tarde e a luz do sol deixa o interior do carro um pouco iluminado pelos poucos feixes laranjas que ainda restam no céu. Fins de tarde possuem uma melancolia natural, sempre costumo ficar uma pouco triste nessa hora do dia, mas este em especial tem me empurrado tão para baixo que parece que toda a gravidade do planeta está me abraçando agora. É, ela está me abraçando agora.
Depois de quase uma hora olhando pela janela e tentando com todas as minhas forças vaguear meu pensamento pelo nada eu decido olhar para o lado e fitá-lo. Lá está ele, o homem que jurei para mim mesma que era o amor da minha vida. Observo-o atentamente, perco alguns bons minutos vendo seus cabelos loiros caindo sobre os olhos cor de mel, sinto vontade de rir quando o vejo balançando a cabeça para afastar os cabelos dos olhos - alguns amigos dizem que parece com um tic nervoso ou coisa do tipo - mas prendo o riso, na verdade, nem se quisesse conseguiria sorrir agora, estamos a tanto tempo em silêncio e praticamente imóveis que os músculos do meu rosto não responderiam.
É mais doloroso do que pensei colocar um ponto final em uma história, principalmente quando você sonhou com toda ela e o fim não era assim tão silencioso e precoce. O combinado é que seria para sempre e sabe, ninguém mais que eu quis isso. De verdade, não consigo contar quantas noites sem sono viraram borrão da nossa história, costumava pensar nele sempre e não existiam planos para o futuro que ele não se encaixasse perfeitamente ao meu lado. E então, depois de tudo, olha eu aqui pulando fora sem coragem de dizer adeus.
A vergonha de encará-lo não é pelo fim do trato, do combinado, da promessa de que seria para sempre. De certa forma para mim será, ele sempre ficará em algum lugar em mim, mas acho um pouco injusto dizer isso para ele, dizer que estou indo embora e levando nossas lembranças, mas que ele fica. Dói em mim e imagino que nele doa mais.
Eu nem sei por que eu não consigo encará-lo, eu só não consigo. Fixo meu olhar agora para escuridão que engoliu a paisagem que era linda quando o sol brilhava e uma outra vez sinto uma pequena ironia do destino. Tento parar de pensar e volto a ouvir a música, o som da gaita me acalma. Eu só queria que ele conseguisse ver o começo no meio dessa confusão de fim. Tudo está sempre começando e não chegando ao fim. Eu, pelo menos, tenho tentado ver a vida assim.
O carro para na porta da minha casa, desço, crio coragem e o encaro. Ele não se move e continua olhando para frente. Então é isso...

Início.


A Paz de Jah!
;*

2 comentários:

End Fernandes disse...

Nossa Naty,

Que intenso esse texto hein...
De fato não sei se é conto ou não, mas é muito bem detalhado e escrito com fervor. E O final me supreedeu muito.

bjuuus

End Fernandes

...

Naty Pitkowski disse...

End =)
É um conto sim ^^
Obrigada pela boa crítica ;*